sábado, junho 23, 2007
Milli Vanilli do Sado
No dealbar da década de 90, o Mundo assistia perplexo à queda de um mito. Petizes choravam rios de lágrimas que desguavam sem apelo nem agravo bem fundo nas incautas almas de todos nós, que apenas imploravam um fim para este desgraçado sofrimento que nos fazia definhar e tornava o povo em meros cadáveres andantes. Sim, os Milli Vanilli eram uma fraude. Desgraça. Tragédia.
Será que aquela sedutora mistura entre a jovial irreverência do reggae, a suave candura de uma balada pop e a hipnotizadora batida ritmada da dance music teria sido apenas um bonito sonho? Basbaques mal intencionados vociferavam alarvemente que as angélicas e pungentes vozes - a fazer lembrar um guardião do Sporting Clube de Portugal - do harmonioso duo Rob e Fab não seriam realmente as deles. Ignomínia! Que o playback seria a poção mágica dos seus sublimes concertos e que as formosas vozes que se ouviam no seu album de sucesso teriam sido cantadas por outros pobres diabos. Vitupério!
Pois bem, no infame dia 12 de Novembro de 1990 - jornada marcada a sangue escarlate no calendário de qualquer amante da vida que se preze - esta suspeita seria confirmada pelo agente do ex-duo maravilha.
Foi o dia em que todos nós perdemos a inocência. Os Milli Vanilli cairam em desgraça e com eles arrastaram, numa dolorosa espiral de decadência, todo o espírito e moral da civilização Ocidental.
Porém, um par de anos após a tragédia que mudou a face do Planeta Terra, os sábios responsáveis do Vitória Futebol Clube, agremiação sita na amistosa localidade de Setúbal, Land of The Yekini, decidiram devolver o sorriso ao atormentado povo terráqueo. Num encantador assomo de altruísmo, os sadinos definiram a estratégia para colocar o clube nas bocas do Mundo: reunir Rob e Fab, desta feita no gracioso relvado do Bonfim. Não eram jogadores de futebol? Não há problema. Estamos a falar de um clube que viria a albergar Nogueira uns anos mais tarde.
Os primeiros contactos efectuados revelaram-se uma enorme montanha - tipo Vujacic - impossível de escalar. Rob encontrava-se a trabalhar como assistente do controlador de qualidade de comida de gato no Tajiquistão, enquanto Fab labutava como estagiário na indústria de remoção de fezes de ratazana nos esgotos de Nay Pyi Taw, Myanmar, ex-Birmânia.
Derrotados por não lhes conseguirem oferecer melhores condições em Setúbal, os dirigentes sulistas, sempre argutos, usaram a história em seu favor. Pois se os verdadeiros Milli Vanilli não passavam duma espécie de duplos, que melhor solução para o busílis do que arranjar um par de duplos deles próprios? Assim foi.
Seguindo uma linha de pensamento muito própria do balón luso, o primeiro passo seria buscar um refugiado à Serra Leoa e pô-lo a treinar(na verdade, o gajo veio de Castelo Branco, mas assim soa melhor). Eis Sessay.
O seu compagnon de route teria obrigatoriamente que falar com o adocicado e cantante sotaque de Vera Cruz. Procedimento? Uma viagenzita à Maia. Mete jogador no carro. Arranca. Veste camisola verde-e-branca ao jogador. Setúbal. Trava. Ajeita o bigode. Sai do carro. Inventa frase à pressão. Apresenta "esta grande esperança do futebol brasileiro, ex-internacional das camadas jovens, chegou mesmo a relegar o Cafú para o banco". Palmada nas costas do jogador. Posa em conjunto para os flashes. Sai em triunfo. Eis Elísio.
Sucesso? Nem por isso. Os sadinos, gente conhecedora da esfericidade da bola, cedo se deram conta que o abichanado duo não era mais que uma reles imitação de Kiki, mas - horror - em duplicado.
De Setúbal para o Mundo, as notícias correram céleres (ao contrário de Sessay), e o Planeta chorou. Lágrimas de sangue, despojos vencidos de uma falsa esperança copiosamente derrotada pela lei do esférico. Pois o regresso fora implacavelmente abortado. A bola não mente.
Post Scripum Cromatium: Ao jeito de off-topic, um pensamento solto: que belo teria sido se o ex-amadorense Mazo tivesse jogado na equipa do Sado.
sábado, junho 16, 2007
Quem?Como?Quando?Onde?Hã?
Quem tiver coragem, clique na imagem. Quem quiser sair, p'ra se divertir, é no meu carocha.
Ups. Divago. Perdão. Malditas rimas contagiantes e infecciosas.
Voltemos ao tema:
Juro que não fomos nós que inventámos. O da esquerda deve ser irmão do Esterco. O da direita será quiçá primo.
Aqui estão as provas:
http://www.zerozero.pt/equipa.php?id=3559
http://www.zerozero.pt/equipa.php?id=7998
Post Scriptum Cromatium: Num caso extremo de solidariedade com um atleta focado neste post, o regressado Vitória da cidade berço contratou hoje o avançado sérvio Mrdakovic. Não há aí ninguém que lhe empreste uma vogal?
Ups. Divago. Perdão. Malditas rimas contagiantes e infecciosas.
Voltemos ao tema:
Juro que não fomos nós que inventámos. O da esquerda deve ser irmão do Esterco. O da direita será quiçá primo.
Aqui estão as provas:
http://www.zerozero.pt/equipa.php?id=3559
http://www.zerozero.pt/equipa.php?id=7998
Post Scriptum Cromatium: Num caso extremo de solidariedade com um atleta focado neste post, o regressado Vitória da cidade berço contratou hoje o avançado sérvio Mrdakovic. Não há aí ninguém que lhe empreste uma vogal?
sexta-feira, junho 15, 2007
terça-feira, junho 12, 2007
O Rei no Naldo.
A ponta na lança.
O Paulo no Alves.
O correr parado.
O entrar cansado.
O Gervino amarelado.
O Tahar avermelhado.
O Bilro concentrado.
O Kimmel com ar de alucinado.
O Pedro Miguel... sempre penteado.
O Bambo sempre ao lado.
O Fua tão estimado - esférico cruzado.
O cruzamento alcançado.
O balón rematado.
O chuto ao lado.
Meu nome é Reinaldo - e é este o meu fado.
O Paulo no Alves.
O correr parado.
O entrar cansado.
O Gervino amarelado.
O Tahar avermelhado.
O Bilro concentrado.
O Kimmel com ar de alucinado.
O Pedro Miguel... sempre penteado.
O Bambo sempre ao lado.
O Fua tão estimado - esférico cruzado.
O cruzamento alcançado.
O balón rematado.
O chuto ao lado.
Meu nome é Reinaldo - e é este o meu fado.
sexta-feira, junho 01, 2007
Alves Nilo "Vinha", ou "You can't teach height"
Alves Nilo Marcos Lima Fortes não é apenas mais um jogador com um nome incomum e estranhamente incómodo ao ouvido. Há mais por trás do homem do que cinco nomes que combinam entre eles tão harmoniosamente como um dueto entre a Céline Dion e o Adolfo Luxúria Canibal : este Senhor foi também um digno profissional de futebol.
Ora, quando nos deparamos com a anterior afirmação, é da natureza humana que nos interroguemos de pronto sobre quais serão as características do dito jogador. Será forte na marcação? Dono de uma técnica suave como um manto de seda? Intransponível como um rochedo? Drible fácil e remate pronto? Pé-canhão? Possui uma intestinal visão de jogo?
Pois no caso de Alves Nilo, a resposta é invariavelmente a mesma: "não."
Quer dizer, em boa verdade oscila entre "não" e "nem por isso, não". O "nem por isso" é normalmente utilizado para exprimir surpresa perante a aparente inutilidade do futebolista em questão, o que no caso do bom do Alves Nilo, torna-se muitíssimo útil (passe a ironia).
Então, se o homem não tem nenhuma qualidade discernível a olho nu, porque raio é que o deixaram jogar à bola com os outros? Pior que isso, porque será que lhe pagaram para isso?
"Ah, é alto e tal..."
Esta terá sido porventura a frase mais vezes proferida nas bancadas dos clubes por onde Alves Nilo passou.
É alto. Pois, até aí toda a gente chega. O indivíduo tem 1,93 m, por sinal muito mal distribuídos, o que o leva a parecer um poste de iluminação com carapinha e bigode. Em boa verdade, a maior diferença entre ele e o poste de iluminação não é propriamente a mobilidade, é mesmo a quantidade de luz que ambos projectam. Bem, pelo menos o bigode é extremamente gracioso. Mas adiante. O homem é alto.
"E mais?"
Mais? Mais o quê? É preciso mais alguma coisa? É alto e basta. "You can't teach height".
Alves Nilo, o Vinha, está para todas as crianças que perseguem o sonho de serem jogadores da bola, como o cast de "Morangos com Açúcar" está para todos os pré-adolescentes que querem ser actores.
"Ei...pá, se aquele gajo consegue, eu também!"
Alves Nilo, o Vinha (realço para não haver confusões com os outros Alves Nilos), é portanto o Pai Natal da expectativa: preenche diariamente de esperança os corações de milhares de crianças que desejam atingir o seu sonho de acariciar a redondinha perante hordes de espectadores.
Alves Nilo é de igual forma o melhor amigo dos Pais: quando os seus filhos lhes perguntam com uma lágrima no canto do olho e uma catota no nariz o que precisam para serem jogadores de futebol, os progenitores respondem prontamente um "só tens que crescer, filho. sê alto, e alto na vida chegarás." - piscando o olho de seguida para o horizonte, enquando balbuciam entredentes um "Obrigado, Vinha!!"...
E algures na Exponor, o ex-Salgueiros e ex-Porto sorri. Uma vez mais. Pelas crianças.
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